De valorizar 33% quer reduzir consumo de produtos de origem animal
NotíciaAs tendências alimentares da população portuguesa estão em processo de mudança. Nos próximos seis meses, 33% dos inquiridos pretende reduzir o consumo de produtos de origem animal, com 55% da população em estudo a dizer 'talvez' à substituição do consumo de carne por 'carne vegetal'.
As conclusões constam de um novo estudo de mercado, solicitado pelo eurodeputado Francisco Guerreiro à Intercampus e dedicado ao contexto português. O mesmo mostra, por outro lado, que 26% da população analisada está inteiramente disponível para fazer essa substituição, com outros 20% a rejeitar essa hipótese.
Apesar disso, mais de 60% dos inquiridos diz que irá manter o consumo de produtos de origem animal, com 66% dos questionados a julgar que o preço é a maior barreira ao consumo de alternativas à proteína animal.
Em resposta ao Notícias ao Minuto sobre este estudo, Célia Craveiro, presidente da Associação Portuguesa de Nutrição, destacou que seria "interessante verificar estudos de diferentes retratos do tempo para perceber se a intenção efetivamente se materializa em comportamentos alimentares", embora considere ser "importante valorizar uma intenção de reduzir o consumo de produtos de origem animal".
Até porque, como mostram dados recentes, como os do 'Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física', a "população portuguesa consome, em média, uma quantidade" de carne "acima das recomendações", lembrou Célia Craveiro.
O estudo, intitulado 'Hábitos Alimentares Plant Based' e requerido pelo eurodeputado pertencente ao Grupo Parlamentar Europeu dos Verdes/Aliança Livre Europeia, mostra ainda que, atualmente, 88% dos questionados se identifica como omnívoros (regime alimentar que envolve o consumo de produtos animais e vegetais).
Existe, ainda assim, 8% de flexitarianos (que consomem maioritariamente produtos vegetais, ainda que também comam carne ocasionalmente) e 4% de pessoas que não comem, de todo, carne. A maioria dos indivíduos pertencentes a estas duas categorias (71%) diz optar por este regime alimentar "por prevenção e cuidado com a saúde" - embora uma grande porção daqueles que não comem carne (76%) refira fazê-lo "por respeito para com os animais".
Sobre estes dados, Célia Craveiro constatou como a "população, sobretudo a mais jovem, está cada vez mais consciente do impacto da alimentação na sua saúde", ao procurar "conhecer melhor os alimentos e o seu impacto na promoção da saúde ou aumento do risco de desenvolver doença".
Em consonância com os dados deste estudo da Intercampus, a presidente da Associação Portuguesa de Nutrição lembrou também que existem "estudos" que mostram como, de facto, as populações jovens estão, igualmente, "mais sensíveis aos temas da sustentabilidade".
Perante estes resultados, Célia Craveiro insistiu na importância do "contínuo reforço na promoção da literacia alimentar da população", para potenciar estas "substituições alimentares" - mas sempre "atendendo ao equilíbrio conducente a uma alimentação saudável e sustentável".
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