‘Que o alimento seja o teu remédio e o remédio seja o teu alimento’. A frase de Hipócrates, o pai da Medicina aplica-se a mim como uma verdadeira luva, encaixa em toda a perfeição.


Quando comecei a ter problemas de saúde, há vários anos, não sabia que estava tudo relacionado com alterações que sofrera no meu organismo. Uma vida (demasiado) agitada, horários (bastante) extremados levaram o meu corpo ao limite, mas, para isso, também contribuiu uma alimentação tradicional, desregulada, dita ‘normal’. Tive que optar: ou continuava e corria o risco de ‘rebentar’, ou mudava e tentava salvar-me. Optei pela segunda hipótese, encontrei ajuda especializada e mudei radicalmente a minha alimentação. Percebi, entre outras coisas que me era muito difícil digerir alguns alimentos de origem animal e começámos a fazer testes. A primeira alergia foram os ovos, depois a proteína da carne, o glúten, a lactose, o milho, a cenoura, o salmão… A carne desapareceu completamente da minha alimentação, tal como os lacticínios e a melhoria foi tremenda- todo o ácido provocado pelo meu estômago, produzido para auxiliar na digestão, acalmou radicalmente e a minha saúde melhorou a olhos vistos. Consegui manter-me razoavelmente bem, até há um ano, quando já não podia aguentar mais e avancei para cirurgia. Depois do procedimento, os meus hábitos mantiveram-se: não consigo comer carne, mesmo que queira, e todos os lacticínios são de origem vegetal (confesso que o queijo ainda me faz vacilar…!). E ovos… nem pensar!

Tendencialmente, sou vegetariana estrita. Gosto muito de peixe, mas consumo cada vez menos. Gosto de soja, gosto de algas, gosto de alternativas à carne, gosto de experimentar alimentos novos e perceber que são saborosos, nutritivos. Sim, 90% da minha alimentação é feita em casa. Não vejo inconveniente, assim sei sempre o que estou a consumir: de onde vem e como é confecionado. Para quem tem alergias, como eu, um contágio provocado pela simples troca de talheres assegura uma viagem gratuita para o hospital. Garanto, não é divertido!

E depois, porque andamos a encher-nos de suplementação quando temos na comida quase todos os nutrientes de que precisamos: na fruta, nas leguminosas, nos frutos secos? Não sou médica, mas estas questões fizeram de mim uma pessoa muito interessada pela questão alimentar.

Além do mais, depois desta experiência europeia e de ter tido mais conhecimento sobre as dificuldades que o Planeta enfrenta, o meu nível de informação e consciência é cada vez mais lato e não conseguiria contribuir para o declínio de todos. Estamos a prazo, é verdade, mas haverá sempre alguém depois de nós. E, esses, podem ser os nossos filhos.

Sobre a autora

Patrícia Matos, 38 anos, é Jornalista.

Foi coordenadora de comunicação do deputado Francisco Guerreiro (Verdes/Aliança Livre Europeia) no Parlamento Europeu entre julho de 2020 e
Abril de 2022.


É doutoranda em Ciências Sociais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), na vertente de Ciência Política e estou a desenvolver a minha tese no âmbito da Comunicação Política e redes sociais, mestre em Ciência Política pelo ISCSP e licenciada em Jornalismo e Comunicação pela Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, do Instituto Politécnico de Portalegre.
É co-autora de vários artigos científicos.
Durante 13 anos foi jornalista na TVI, um dos canais privados de televisão em Portugal e apresentou, durante 10 anos, o programa ‘Diário da Manhã’, entre as 6h30 e as 10h. Integrou o projeto fundador da TVI 24 e passou pelas editorias de Sociedade e Economia.
É professora na Universidade Nova de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e formadora em media training.